25 de mar. de 2014

SOBRE FOFOCA E REDES SOCIAIS

Fofoca é feito chifre: só dói quando você fica sabendo. Se ninguém revelar nada e você não tomar conhecimento de que estão falando mal de sua tão impoluta pessoa, tudo se acalma nas Condições Normais de Temperatura e Pressão-CNTP, com dois beijinhos ou tapinha nas costas. Mas eis que agora existe o tal do Facebook e do Whats App pra fazer tudo o que é de informação (especialmente as infimamente irrelevantes) chegar ao nosso conhecimento. Eles são os maiores retransmissores de dados sobre a vida alheia. Mas a culpa é das redes? 

Nem a pau. As pessoas não estão MAIS fofoqueiras, apenas permanecem gostando de reverberar o comportamento alheio. Não importa se julgam positivo ou negativo: o negócio é falar. A humanidade sempre foi afeita a futricas; uns mais, outros menos, uns descaradamente, outros de forma velada, uns por passatempo, outros por profissão. Ou você não comentou sobre os casamentos ou as plásticas de Gretchen? Ou sobre o avantajamento corporal da mulher de Renato Aragão? Falar todo mundo fala e por isso mesmo é que fazem sucesso as revistas de fofoca, as colunas sociais e tudo o que disser respeito ao "se meter" no universo dos outros.

Talvez estejamos sentindo tudo isso com mais força pela exposição que nós próprios nos damos nas redes sociais. Se antes você não era "colunável" ou da "high society", o Facebook e o Instagram estão aqui para mostrar a sua viagem, o seu passeio, o seu restaurante, a sua palestra, suas relações sociais, suas felicidades e suas tristezas. Tudo de forma transparente ou editada. Você escolhe. E você também pode escolher sair das redes sociais, postar nada ou quase nada, ocultar fotos, editar grupos, limitar a visualização de seu perfil. Mas, não, você quer mostrar, você quer compartilhar com os amigos ou público em geral aquilo que você sente ou que quer mostrar que sente. Entrou na chuva? O mínimo que vai acontecer é você se molhar.

Estando mais exposto, obviamente que você se põe mais vulnerável a ser vítima de fofocas. A bronca é quando a fofoca não é apenas um repasse de informações sobre o outro, mas uma criação de histórias objetivando prejudicar alguém. Se virar boato, aí pode ter consequências complicadas. Acho que todo mundo já sentiu isso na pele e dói. Dói até mais do que chifre. De qualquer maneira, acho que o melhor é relaxar: do seu nascimento até o seu enterro, da maternidade ao cemitério você inexoravelmente será alvo de comentários. Nem se aperreie.

19 de mar. de 2014

A excrescência da felicidade

Não é um avestruz. Este é o meu bucho de estimação, composto por farto tecido adiposo e pele que se excedeu em duas gestações e do passar dos anos, que faz sobrar coisas aqui e faltar outras ali. Na verdade, o bucho não é de estimação porque não o estimo. Chamemos de barriga positiva essa protuberância conquistada com brindes e sorrisos; uma vez que não me alimento na tristeza, apenas na alegria. Como agora eu quero brindar e sorrir sem ela, peço-vos a gentileza de não mais caçoar de minha pessoa quando eu vos falar da necessidade da dieta. Sim, eu sei: e da atividade física.

Quando quer me alertar sobre alguma proeminência, o eufemista Renato diz que estou ficando opulenta. Como fui educada nos Alpes do Araripe, não digo que opulenta é a senhora mãe dele, tampouco a rapariga véa. Não me utilizo desse chulo linguajar. Retruco apenas dizendo: isso é a excrescência da felicidade.

Quando estou toda esticadinha (em pé ou deitada), o bucho some. É uma mágica que nem Mister M explica! Se eu prender a respiração, ele também se ajeita no meio dos “músculos”, mas os peitos sobrem. Tem gente que prende tanto a respiração para tirar uma foto que sai com cara de pombo. Eu não faço apneia por muito tempo, daí a minha arretância com alguns fotógrafos que passam mais de 20 segundos para fazer um clique. Pelo bem das pombas (lesas), sejam mais rápidos!

Minha barriga é temperamental. Se eu apertá-la, ela se invoca e pula para fora da calça, quase cobrindo o cinto. Para usar um vestido de festa, conto com a tecnologia revolucionária dos Macaquinhos Yoga ou da bermuda Dr. Ray Shapeware. Só quem usa aquilo sabe quão difícil é entrar em três números a menos que o seu. Fica tudo tão apertado que mal conseguimos respirar direito. Fora o complexo de Bento, que é ficar fechada com um flato dentro. Lógico que a gente não se diverte apertada assim. E lógico que é melhor deixar as banhas livres e dançar impunemente. Mas também é bom não ter bucho.

Dito tudo isto, encontro-me em contenção de refeições e o consequente racionamento de alegrias. Preciso caber no vestido. Não me provoquem, não me tentem, vão aperrear o trem. Em vez disso, chamem-me para caminhar. Espero que compreendam algum mau-humor, alguma nova insanidade postada nas redes sociais. É tudo fome. É tudo fome mesmo. Além, claro, da TP4, a crise pré-40.

21 de jan. de 2014

Divisão

Quando se quer tudo unido
Unido é só de um lado
E quando se quer separado
Põe-se tudo dividido

Mas, que divisão é essa
Em que há a parte torta?
Uma hora eu sou criança
Noutra hora, pouco importa.

Pra viver no teu ditame
Não posso levar pesadelo
Nada que a raiva te inflame
Ou que não seja desvelo

Aceito, sim, a tua vida
E peço aceita a minha
Se quer viver nessa linha
Bem marcada e dividida,
Fica tu com tua arte
Fico eu com o sonho meu
Cada um com sua parte
Dando o que sempre se deu 

23 de dez. de 2013

Forte é o cavalo do cão

Eu sei, todo mundo tem um aperreio na vida, um ponto de dor, um calcanhar de Aquiles, um fardo para carregar. Alguns têm até mais de um motivo para baixar a cabeça e chorar pra valer. Outros se lascam com besteira, fazem uma tempestade em um copo de licor, que é bem miudinho. É assim mesmo, né? Uns têm mais força, outros se deixam abater com pequenas coisas, todo mundo é diferente e ninguém tem a obrigação de ser igual aos que são julgados como “fortes”. Nem se exija, nem se preocupe. Tá todo mundo no mesmo bolo da vida.

O que é importante saber é que aquela pessoa que parece ser rochedo tem seus momentos de dor e tristeza. Não se guie por ela, não ache que você é frágil. Aliás, vou aproveitar e pedir para que parem de pedir para que sejamos fortes. Forte é o cavalo do cão e eu quero apenas ser gente. Quer saber? Quem aguenta pancada nem sempre é aquele que sofre menos, mas aquele que disfarça melhor. E não disfarça para fingir não, normalmente é mais um jeito de ir levando a vida. Também não se guie pelo mais fraco, que esse tabaréu pode apenas estar querendo chamar a atenção. Não se ache melhor, não se ache pior e não se preocupe tanto. Apenas viva seus momentos como se estivesse acabado de escapar da morte. Porque, quer você queira ou não, quer você seja forte ou fraco, a mulé da foice uma hora nos pega. Vade retro.

26 de nov. de 2013

ARRUMANDO O GUARDA-ROUPAS E A VIDA

Deixando à parte a alergia e a preguiça, organizar o closet é uma das mais eficientes formas de autoconhecimento. Trata-se de uma terapia de regressão consciente, em que você rememora as várias roupas que precisou usar ao longo dos anos, admitindo a cruel necessidade de se desnudar delas para que a vida tome seu curso. Olhando para o armário, vejo um conjunto de lembranças em peças que comprei para quando eu fosse e outras que comprei quando eu era. E, nessa análise, a gente se dá conta de que nem fomos e nem somos mais. Passou...

Guarda-roupas deveria se chamar guarda-passado. Vemo-nos em pé de guerra ao olharmos fixamente para roupas que já não nos servem: mando cerzir, transformo em blusa, vendo no brechó, dou para a empregada ou faço pano de chão? Decisão que pode variar a depender da época hormonal em que estivermos. Mexendo nas araras, você se depara com aquela blusa amarela de cetim com mil rendas e babados, presente de um ex do qual você se arrepende imensamente. Essa é fácil: LIXO! Bye, bye, palhaço e roupa de palhaço.

E esse jeans que há anos não serve? Sempre deixamos uma calça que vai caber em nós um dia, quando emagrecermos. E ela fica lá por décadas, ocupando espaço e nos decepcionando porque não conseguimos mais ser o que éramos. Bye, bye, ácaros e padrão de beleza!

Aí você se vê diante de um vestido de grife: custou os olhos da cara e talvez algumas pregas (da cara, também). Não mais lhe serve, pois foi comprado no auge do sucesso de sua dieta. Quantas vezes tentamos nos mascarar de algo que não reflete o que somos? Bye, bye,vestidinho grifado e pueril necessidade de autoafirmação.

No emaranhado de diversos cabides coloridos comprados em promoção, aparece um tal vestido vermelho, doendo na vista, cheio de penduricalhos, que deve ter sido moda no tempo de Luís XIV e não faz mais o menor sentido na sua vida. Mas você vestiu essa fardinha de Pombagira naquele casamento em que precisava se fazer notar LIXO! “Bye, bye tristeza, não precisa voltar”.

Na montanha de roupas para consertar, vemos o quanto procrastinamos a solução de problemas. Pense bem: Apenas um botão, um zíper ou uma pequenina costura poderia resolver tudo. E você adiou a solução. Assim também acontece conosco: às vezes, a vida precisa tão somente de um reparo simples e rápido. Mas a gente adia, adia, adia...Conserte o que tiver para consertar, mas não exagere. Tenha cuidado com remendos malfeitos, pois se a costura não for boa, terminamos piorando a situação. Das roupas e da nossa vida.

25 de nov. de 2013

Mais cansada do que tudo

Eu sempre fico mais cansada nas segundas-feiras por conta das demandas de ser dona de casa. Afe, há finais de semana que me estressam mais do que os dias do trabalho "oficial". Esse negócio de gerenciar a casa é difícil: decidir as refeições,comprar os ingredientes, dar ordens da faxina e verificar se as ordens foram cumpridas... Que coisinha tão chatinha e necessária. Quando eu bater sozinha a Mega Sena da Virada, vou contratar um estafeta ou uma governanta para eu não precisar resolver mais nada. Minhas decisões serão: Ir ou não ir à praia? Andar ou correr no calçadão? Sair de sandália havaiana ou de sapatilha? Vestir a calça jeans ou a de algodão? Escrever um poema ou uma crônica?

Enquanto isso não acontece, tento adotar alguns conceitos de gestão e administração no meu lar-doce-lar e tem dado certo. A primeira neurose é organizar tudo com antecedência para evitar que faltem produtos em casa e, claro, economizar. Eu começo fazendo listas e mais listas para o ano inteiro, para o mês, para a semana, etc. Não é que eu seja radicalmente organizada não, mas é que eu acho mais fácil preparar listas (lista de compras, lista de "o que fazer", lista de festas, lista de desejos, etc)  para ir cumprindo as etapas sem tanto estresse. Claro que todo mundo dentro de casa tem que ter conhecimento desses objetivos e tem que colaborar também.

Há dias fixos para lavar, passar, limpar banheiros, luminárias e eletrodomésticos, por exemplo. Coloco tudo em uma planilha e vou acompanhando ao longo do mês. A princípio parece trabalhoso, mas vai ficando mais fácil ao longo do tempo. Vá por mim que dá certo. No mais, vou continuar sonhando com os R$ 200 milhões, mesmo sem ter ideia de que quantia é essa.

22 de nov. de 2013

As dores da separação

Poucas coisas são tão estressantes na vida como o fim de um casamento ou mesmo de um relacionamento sério. É o maior propulsor de visitas aos consultórios de psicólogos e psiquiatras, mexe com a autoestima, com a rotina, com o corpo, com a alma, mexe com uma vida inteira que foi sonhada e construída. Quem já sofreu uma perda dessas sabe que a dor é tão grande que pode nos fazer gritar e calar ao mesmo tempo. Saem tantos pedacinhos de tanta gente que, mesmo no final, quando conseguimos remendar tudo, nem sei mais se encaixamos as peças da mesma forma como eram antes, nem sei se somos as mesmas pessoas. É por isso que todo rompimento afetivo também nos rompe cruelmente por dentro.

E não nos disseram que seria para sempre? Por que criamos essa expectativa de que seria para a vida toda, até que a morte nos separasse? Pois é... Ninguém avisou, mas a gente termina aprendendo que não é a morte do corpo que nos separa do outro, é a morte da alma, do afeto, da admiração, do desejo, da tolerância. São várias mortes juntas. São mortes lentas e doloridas. Muitas vezes tornamos a situação ainda pior quando não aceitamos que não queremos mais ou então que não nos querem mais. Uns pensam que fracassaram, outros se sentem responsáveis pela futura dor do outro. E vão matando suas vidas lentamente. Qual a hora certa de acabar? Será que não estamos sendo intolerantes? E se perdermos a vida inteira na estabilidade, na harmonia desencantada?

Intrometendo-me nos assuntos psicológicos, dos quais sou apenas uma leitora atenta, acho que buscamos a estabilidade e não queremos nos submeter ao estresse de ficar à procura do que nem sempre sabemos o que é. E se não der certo? E se ele me trair? E se ele for ciumento? E se for um psicopata? E se eu trocar seis por meia dúzia? Mas, se a vida é uma eterna busca, e agora? Vai ficar aí parado, tal qual Carolina, que viu o tempo passar da janela? Uns se aventuram enquanto outros se acomodam. Estes últimos viverão no medo para sempre. É pior, pode acreditar no que digo.

O desenlace é ruim por inteiro, mas há alguns momentos que mais parecem um estouro de lâminas a nos ferir de dentro para fora, como se tudo em nós já estivesse ruído e precisasse ser expulso da mais castigante maneira possível. Olhar para o guarda-roupas, por exemplo, e enxergar nessa simbologia a ausência do outro é um dos momentos mais torturantes, bem como o vazio de um lugar à mesa, na vaga na garagem, a televisão, objetos que foram esquecidos na partida, as fotos. Ai, as fotos... O melhor a fazer é juntar tudo e deixar sob a guarda de um amigo.Falar nisso, os amigos, de que lado estarão? Salvo exceções, a maioria permanece do lado do homem, tenha ele ficado ou partido. A mulher normalmente sofre mais. Pode olhar e ver ao seu redor, não sei se é machismo, mas, na maioria dos casos, a mulher fica com a família e o homem com o ciclo de amizades. E, note, há amizades que também se rompem com a separação, pois só faziam sentido quando o grupo estava todo junto.

Após uma dura jornada que pode incluir litígio, acusações, chantagens e briga por dinheiro, entre outras coisas ruins que fariam você franzir o corpo inteiro só de lembrar, o mar vai se acalmando. E, então, todos estaremos prontos para a próxima. NÃO, NÃO E NÃO! Que o destino nos livre de passar por isso outra vez. E que a gente nunca deixe de acreditar que vai ser pra sempre. Pra sempre até que os dois queiram, até que se respeitem, que um não machuque o outro ou, caso machuquem, que se possa curar. Pra sempre até não doer muito.


Eu vendo o tempo passando...


Às vezes, tudo o que a gente precisa é tempo... Horas, dias, meses, depende... É vital respeitar as necessidades de se ensimesmar, de olhar para trás, observar em perspectiva, de se autoavaliar, de se punir e de se perdoar. Sartre disse que o inferno são os outros, mas eu acho que nós é que somos diabos de nós mesmos. 
O cão e o anjo estão dentro do juízo, encarcerados em nossas insatisfações e anseios, ávidos por liberdade. Costumeiramente, o cão é mais brabo que o anjo, cabendo a você fazer a contenção de seus impulsos. Você os solta quando quer ou quando precisa, com a prudência de saber distinguir desejo e necessidade.
Não acho que o tempo é o senhor da razão, nós mudamos nossas razões com o tempo. O que tanto incomodou no passado hoje pode nos soar irrelevante. Vale o contrário: aquela dor que nem doía tanto hoje lateja incessante. Há hora para ser plural e há hora para ser singular. Há hora para ser cão, há hora para ser anjo. Não acredite, não acredite mesmo em quem manifesta apenas um deles.
Antecipar-se ao próprio tempo é como adiantar acontecimentos que não existiriam se você se satisfizesse com paciência, esperança, perseverança. Não importa se depois disso tudo você achar que nada mudou. O tempo jamais passa incólume. Esteja certo: ele sempre nos tira um pedaço, acrescenta outro e, com isso, e a gente muda.

14 de nov. de 2013

Seu deus é mais

Hoje eu tava pensando em umas pessoas que conheço de longe, dessas que gostam de se dizer abençoadas porque julgam que seu deus é mais deus do que os outros deuses. Nada contra religião ou mesmo contra a religião delas, mas é que às vezes eu tenho a impressão de que quem é demasiadamente apegado às rezas tem aí uma válvula de escape para seus problemas. Não falo dos fundamentalistas, esses são doidos. Falo desses tipos que encontramos por aí, os ratos de templos. Já notou que muitos deles se acham superiores a quem não acredita na crença deles? E, olha, muitos querem passar uma imagem de "boa gente" simplesmente pelo fato de se ajoelhar e rezar. O que tem de papa-hóstia fazendo intriga por aí...

10 de nov. de 2013

Eu quero ver o bom no ruim

Começo a sentir na pele esta frase que ouvi há décadas. Não por mim - minha única e incurável doença é a saudade e disso já sei que não morro - , mas por algumas pessoas próximas, cujo organismo começa a mostrar que não somos os super-heróis que imaginávamos. Antes, eram apenas os avós e pais dos amigos que se findavam; agora, são os próprios amigos que padecem de alguma bestialidade do destino. 

O que me espanta é ver que muitas dessas pessoas terminam ficando sozinhas. Aquele cara que pagava a conta para todo mundo no restaurante hoje está confinado em hospital residência e mal recebe a visita de quem já lhe deu tantos tapinhas nas costas. Aquela moça, presença certa nas baladas, não faz mais parte da juventude, perdeu-se no tempo e na lembrança. O primo rico, que vivia rodeado de mulheres bonitas, perdeu a fortuna e, junto com ela, as companhias sempre tão solícitas. O ex-colunista social sequer é convidado para as festas, saiu do mailing. Não recebe nem cartão de aniversário de político. Morreu.

Amigos de verdade a gente conta nos dedos. O resto é amigo do trabalho, de farra e de interesse (mútuo, muitas vezes). O que a gente precisa saber é que somos importantes na vida de algumas pessoas, mesmo com todos os nossos defeitos. Encontre quem goste de você e que queira ficar com você no mau tempo. Porque o bom no bom é muito bom!

6 de nov. de 2013

A inútil arte de enxugar gelo

Acabei de ler uma notícia interessante na Revista Galileu (http://ow.ly/otJJJ). Ela mostra que não adianta querer agradar quem já nasceu para desgostar. É trabalho perdido, feito enxugar gelo, pentear macaco e aperrear o trem. 

"Estudo publicado recentemente comprovou que o famoso meme ‘haters gonna hate’ tem seu fundo de verdade. Algumas pessoas nasceram pra odiar e é impossível agradá-las, não importa o que você faça: o estudo mostrou que pessoas que têm visões negativas de coisas diversas são mais propensas a reagir negativamente a novos estímulos, não importa quais eles forem. Apesar de literalmente significar ‘odiadores vão odiar’, ‘haters gonna hate’ é mais um manifesto que diz ‘não me importo com a opinião alheia, porque quem tiver que odiar vai odiar e pronto’."

5 de nov. de 2013

A barata diz que tem



Quem por aí conhece alguém que anda de carrão e pena para pagar as prestações devidas? Isso quando consegue... Você também deve ter uma amiga bem vestida, alinhada, dona de infinitas coleções de moda, mas cujo cheque especial vem sangrando e ainda tem o nome estacionado há anos nos SPC´s da vida. Essas pessoas precisam mostrar aos seus pares aquilo que não têm para que os outros identifiquem nelas aquilo que elas não são. E nesse tempo de consumismo louco, você é o que sua aparência mostra e não os valores que possui. Que leseira, né? 

Viver de aparência é algo extremamente difícil. Por mais que a barata tente e creia que está convencendo, na verdade ela está tentando enganar a si própria, escondendo-se de sua baixa autoestima e necessidade de aceitação. Ela não tem anel de formatura, nem sapato de veludo e nem sete saias de filó. É tudo mentira, é tudo ilusão, tudo fácil de ser desmascarado. Muitas vezes, um falso retrato de si mesmo, como quem vive duas vidas e não se consegue ficar em nenhuma delas.

O lado imaginário também ocorre no Facebook, onde mostramos que estamos sempre sorrindo nas melhores fotos, fazemos check-ins em lugares badalados, mostramos os bonitos pratos que pedimos e todas as viagens que fizemos. Mas a rede social virtual não mostra tudo o que somos, não mostra claramente os valores que temos, nossas crenças, os motivos que realmente nos deixam felizes e se estamos, de fato, felizes.

O desejo por ter o que não ainda podemos talvez indique apenas uma mera e saudável ambição; no entanto, fazer sacrifício para a obtenção de itens que demonstram ascensão social e pertencimento a um grupo muito nos diz sobre a recusa do que somos. E o que somos? Não sei ao certo. Mas sei que sou o que sou misturado com o que quero ser, porém não sou aquilo que acham que sou ou aquilo que às vezes finjo que sou. Ou talvez sejamos tudo isso.

Não precisamos mostrar nossas fraquezas ao vento, contudo não merecemos viver uma vida que não se encaixa em nossas possibilidades, na nossa inteligência, na nossa carteira, na nossa capacidade física e intelectual. Querer ser o cavalo do cão inexoravelmente lhe trará frustração. Queira não. Os amigos terminam descobrindo que é tudo mentira da barata, rá-rá-rá e ró-ró-ró.

4 de nov. de 2013

Só dezembrarei em dezembro

Acordei com vontade de beijar o mundo, começando pelo meu espelho. Não sei o que foi, se foi algo com que sonhei, se foi alguma alteração hormonal ou apenas o acaso. Sei que acordei feliz e com aquele desejo de fazer os outros felizes também. Se quiser pegar carona, aproveite a leva! Reli a minha lista de realizações para 2013 e vi que tinha feito quase tudo o que me prometi este ano. Fiquei satisfeita e logo me pus um sorriso largo na cara. Adoro me orgulhar de mim.

Pensei logo em fazer a lista para 2014, mas não quis me antecipar a dezembro. Eu tenho tantos planos, tanta coisa para viver e escrever que às vezes eu me atropelo em minhas próprias pernas. Só dezembrarei em dezembro. Cheguei à conclusão de que o ano passou rápido, mas foi intenso. O trabalho foi sensacional. Vivi, chorei, relutei, amarguei e desamarguei também. Consegui me perdoar de minhas idiotices e consegui aceitar o comportamento alheio. Aliás, nada mudaria se eu não aceitasse. Apenas eu continuaria a me machucar.

O meu avanço mais significativo penso ter sido em olhar as coisas e pessoas de uma forma diferente. No ano passado, eu me sentia injustiçada por várias maneiras. Pode parecer infantil para uma pré-40, mas foi um troço ruim que jamais havia acontecido comigo.  Quis gritar, esbravejar, mostrar ao mundo que aquilo não era correto. Foi quando eu vi que não iria adiantar. Que quem já tinha opinião formada não iria desformar por minha causa. Já 2013 desceu redondo, maduro, tranquilo e calmo.

Não consegui aprender a tocar violão e ainda não cheguei aos 60 quilos. Mas emagreci e levo hoje uma vida bem mais saudável do que quando tinha 20 anos. Como não posso planejar 2014, vou planejar minhas metas para este fim de 2013:

- Distribuir sorrisos
- Ajudar ao próximo
- Aproximar-me de meus afetos
- Beber cerveja
- Comer amendoim japonês.

28 de out. de 2013

A SÍNDROME DA MÃE PERFEITA – PARTE 1

Tenho uma suspeita emocional de que unido a cada cromossomo X existe um tanto considerável de culpa. Se são dois cromossomos X, a culpa, então, é dobrada. Só pode. O que justificaria esta extrema ansiedade materna em fazer com que o filho se sinta amado, que seja inteligente e responsável, que se alimente e viva o mundo de forma saudável, que interaja com os amigos e, claro, que seja feliz, entre outros requisitos a serem preenchidos?  É muita exigência para ele e, olha, é muita exigência para nós. Quem aguenta? Há muitas mães (eu, entre elas) que precisam ser MENOS. Menos cobradoras de si, inclusive.

Penso haver sido criado um padrão de comportamento das mães de hoje que se opõe à vida que elas viveram. Querem o natural: dar aos filhos o que nunca tiveram. Mas será que não estamos exagerando? Talvez doar-se demais não eduque, sufoque!  Vejo fatos interessantes nas duas escolas em que ando: mães que vão deixar os seus filhos e na escola mesmo ficam, esperando o final da aula, as que falam com os professores diariamente, as que não sabem quem são os professores, as que vão requerer à diretoria a mudança da nota do filho (por achá-la injusta), as que não sabem a série da criança. Presencio ainda algumas disparidades, discriminações veladas e escancaradas mantidas pelas próprias mães. A que trabalha julga que a dona de casa ou a dondoca tem insuficiência de cognição, enquanto que as donas de casa dizem que os filhos das trabalhadoras são criados soltos demais. Mas será que não estamos prendendo demais essas crianças?

Ontem mesmo, durante as provas Enem, o que tinha de pai e mãe esperando no portão ansioso pelo filho... Talvez eu esteja errada em esconder o meu estresse só para mim, mas não quero que a minha expectativa seja a expectativa de meus filhos. Será que o excesso de atenção não nos prejudica e também a eles? Tudo em excesso é demasia, até mesmo o amor e o zelo.

Entre tantas dúvidas que rondam minha mente culpada, uma coisa é certa: não há fórmula para educar. Nem mesmo seguir a regra do amor é garantia de sucesso na educação dos pequenos. Todos conhecemos seres humanos execráveis que são filhos de uma estrutura tida como perfeita: casal formado por papai e mamãe, casa na praia, cachorro, viagens e toda atenção do mundo. Todos também conhecemos filhos de famílias desestruturadas que são excelentes pessoas, tanto profissionalmente quanto emocionalmente.


Ontem, o pai de um funcionário meu veio falar comigo para comunicar que o filho está pedindo demissão, pois ele quer algo melhor para ele. O funcionário tem 28 anos. Pronto, depois dessa linha, nem quero escrever mais nada. Cansei... 

17 de out. de 2013


Relacionamento: a questão do foco

Uma amiga minha começou a fazer passeios de bicicleta. Primeiro, participou do encontro semanal dos iniciantes e, em pouco tempo, tomando gosto, foi para três vezes na semana. Fez amigos, passou a sair com eles, a marcar viagens, comprou bike nova e ficou mesmo aficcionada pela história. O marido, acostumado a tê-la em casa quando voltava do trabalho ou da farra (sim, o casal fazia parte do conhecido esquema "ele pode - ela não pode"), estranhou a nova mulher. Ela havia emagrecido, estava mais feliz, sempre cheia de novidades e desafios com o pessoal da bike. 

Quando ela pediu para se separar, a família e os amigos dela compreenderam perfeitamente: ela cansou de esperar por um homem que sempre chegava tarde em casa e viajava com os amigos. Ela cansou de ficar sozinha, de não ser prioridade e encontrou na turma de amigos os seus instantes de felicidade. O marido, a família dele e os amigos dele logo disseram: "isso foi por causa desse povinho da bicicleta, ela ficou doida, obcecada por isso, só fala nisso, até abandonou os filhos". Pois é: aos olhos de muita gente, Mariana ficou doida. Só que Mariana apenas quer viver, quer viver sem Pedro, sem as chatices dele, os vícios, as manias, o abandono.

Os relacionamentos acabam por diversos motivos, mas o importante, quando analisarmos por que deixamos ou por que fomos deixados, é pensar que a vida da gente funciona com as cargas de energia que a gente vai dando e levando; e para onde essa energia está sendo direcionada. Dá para pensar, então, que é uma questão de direcionamento, de foco. Colocamos nossas energias em algumas pessoas e atividades durante anos. Até que chega a hora em que a gente abusa e a atenção é desviada para outras coisas. Pode ser um lazer, o trabalho, uma ação social ou até um novo amor. O foco simplesmente muda. Foi o que aconteceu com Mariana. Ela cansou da vida de esperar por Pedro. E mudou o foco!

Divirta-se, Mariana!

6 de jul. de 2012

Do arrependimento...

Despejei minha vida em tuas promessas
E não penso ter sido tempo perdido
Tentativas de riso não são às avessas
Nem percebi, tu  já tinhas saído.

Acreditei que pudéssemos um dia
Restar juntos como em todos os desejos
Mas foram sonhos e só agora vejo
Que, te querendo, não te conseguia

Não te condeno, todavia
Por de nós ter duvidado
Paixão é mesmo feitiçaria
E nos põe dormentes, embora acordados.

Siga na tua consentida harmonia
E me deixe na busca inútil
Estaremos certos em qualquer via

Do amor morninho à vidinha fútil.

3 de jul. de 2012

Balada tola


Tanto que esperei
E pensei que era verdade
Tanto que eu quis
E me separei da vaidade
Mas você não
Você não conseguiu sair
Você não conseguiu sair
Tanto que me entreguei
E você nem aí
Eu me exagerei
Em tudo eu me larguei
E você nem aí
Você quis ter tudo
Você ficou mudo
E foi então que eu saí.
Mas você não
Mas você não
Fiquei à espera de você
Parada, pensando na rua
Querendo sua mão pra caminhar
Mas sua mão é outra
E minha dor é pouca
Pra consolar meu penar...

20 de jun. de 2012

  • Saudades do Imaculado

  • Deu vontade de escrever sobre o Colégio Imaculado Coração de Maria, onde estudei, em Olinda. Talvez por conta do falecimento de minha professora do Ginásio, chamada Mariana Ramos, cuja missa de 7º dia irá acontecer nesta quinta (21), às 21h, lá mesmo na escola . Hoje eu vejo como foi importante para minha formação ter estudado lá e ter ido às missas diárias, entrando pelo portão da Capela , já que a entrada principal estava fechada às 6h,hora em que eu costumeiramente chegava.
  • Na verdade, a saudade que mais preenche o vazio que tem meu coração é exatamente dos anos que lá passei, ao lado de amigas que mantenho até hoje, como Karina e Sheila. Tenho saudade da banda; da disciplina e dos conselhos de Ricardo Cavalo; das chatices de Irmã batatinha, que reclamava que eu não sentava direito (aprendi); do rigor de Irmã Adélia, que me fez não apenas estudar, mas a amar apaixonadamente a Língua Portuguesa; os olhos verdes de Irmã Lúcia e a vontade que tínhamos de puxar o seu véu.  Lembro da morte trágica de Tatu, nosso guardião de metro e meio de altura; dos fatos e boatos sobre Grace Kelly; de ser chamada na sala do SOE para falar com Tia Márcia; de ouvir centenas de vezes Tia Márcia perguntar o que eu estava sentindo e eu dizer: nada! E eu sentia tanta coisa...
    Sinto falta das aulas de handebol com Ney, que mal aguentava o corpo dele. No basquete, era Ênio Formigão, marido de Cléa, que depois quis entrar para a política. No vôlei era Marcos, marido de Kátia. Vez em quando vejo um deles. Mesmo morando no Recife, mantive meu título de eleitor lá em Olinda, pois é no Imaculado em que voto e revejo essa gente.
    Eu nunca entendia como Carmelita, tão gordinha, era professora de ginástica de solo. E eu também não entendia nada das aulas de Geometria de Eliane. E devo dizer que durante todos esses anos, nunca precisei usar tudo o que aprendi sobre seno, co-seno, tangente, medianiz e mediatriz. Que conhecimento nulo! Eu podia ter passado sem isso!
    Eu me arrependo até hoje de ter colocado um chiclete na cadeira de Marlene, que disse para todos que era coisa de gente mesquinha. E era mesmo, principalmente porque a calça dela era branca e nova. Eu sinto falta até da chata da Auristela, que me colocou de recuperação, em História, só porque eu risquei a frase que ela colocava em todas as provas: “Deus é amor”. Anos depois é que fui entender o que é deus e o que é amor. Bem feito para mim. Hoje eu acordei com saudade e quero ficar com essa nostalgia pelo resto do dia.  Dá licença.

29 de mai. de 2012

DESVENTURAS PAULISTANAS



DESVENTURAS PAULISTANAS

Luciene Barreto gosta de ferrar com minha cara, só pode! Desta vez ela foi além do além. O hotel em que ela nos colocou, em São Paulo, mais parece um filme de terror. “Na foto do site estava tudo certo, você é que é luxenta”, irá me dizer a energúmena. O hotel não tem cara de hotel e nem placa. A dona veio me atender pessoalmente e já fiquei com medo dela, só pelo nome: Braulina. Pensei logo: tem fantasma nessa coisa, mas relaxei, pois não acredito em fantasma. Só tenho medo...

Estranhei porque Dona Braulina não me deu o cartão magnético para entrar no meu quarto. Toda gentil, ela me acompanhou até o magnânimo aposento e me mostrou a chave e o modo de operá-la. Tem modo de operar chave, Dona Braulina? A danada da porta não abria. Eu perguntei: Será que é essa mesmo? E ela: “É sim, mas tem que ter um jeitinho, viu? O jetinho era, digamos, “simples”: Empurra, puxa, aperta, bate e depois, plim, gira a chave. Sabe portão de casa? É mais ou menos assim. Só que aqui é mais difícil, pois o trinco está solto... Quando eu morava em casa, resolvia logo esse problema usando uma faca como trinco, mas não tenho faca aqui. Tenho que empurrar o danado, ao mesmo tempo em que puxo e aperto a chave, para, só então, girá-la. Fora que tenho que segurar a porta por baixo, com meu pezinho...

Mas isso não foi o pior. O ventilador (ou você imaginou que split? Refrigeração central? Vai...) precisa de uma ajudinha para pegar. Eu ligo na tomada e giro a hélice manualmente até ele pegar no tranco. E sabe o frigobar? Não tem! Mas tem um quadrado branco de madeira onde estou colocando os itens para consumo. O ambiente do closet se compõe de um distinto sapateiro e um guarda-roupa que cheira a uma mistura de naftalina, mofo e sândalo. Mas o banheiro é a atração principal. Sabe o box? Também não tem, é uma cortina que já está prá lá de rasgada e faltando os buraquinhos. A descarga é só um pitoco velho na parede e a instalação elétrica é algo de cinema. Terror, claro. Ao menos uma boa noticia: temos água quente e fios expostos de todas as cores para nos distrair enquanto curtimos uma deliciosa “ducha”. E a tampa do vaso sanitário é transparente, porque eu mesma só senti a bunda gelada na louça fria. Bunda gelada na louça fria até dá uma crônica...
 
São quatro camas no quarto (vou dormir duas horas em cada uma, para animar), sendo que duas fazem parte de um beliche, coisa que eu não via desde mil setecentos e Oscar Niemeyer. As toalhas são felpudas (felpo de bode do sertão) e os lençóis são tão finos que eu achei que era tule. Ainda bem que tem uma manta quentinha e desfiadinha para eu me proteger do frio. Ao menos não tem muriçoca! Os lustres e luminárias são da marca Bocal, Spot e Fio Solto, tudo muito distinto e elegante.
 

Há energia e tenho o que comemorar. Porém, faltam-me tomadas. Na única tomada deste suntuoso ambiente, eu revezo carregador do celular, do computador e o ventilador cansado de guerra. A decisão é minha: se eu quiser computador, tenho que ficar no calor. Se eu quiser o fresquinho, não posso trabalhar. Amanhã mesmo vou comprar um kit T, extensão, benjamim, querubim e todos os santos. Quando Luciene chegar amanhã e quiser carregar o celular dela, vou me vingar com força! Ah, feladagaita!