26 de nov. de 2013

ARRUMANDO O GUARDA-ROUPAS E A VIDA

Deixando à parte a alergia e a preguiça, organizar o closet é uma das mais eficientes formas de autoconhecimento. Trata-se de uma terapia de regressão consciente, em que você rememora as várias roupas que precisou usar ao longo dos anos, admitindo a cruel necessidade de se desnudar delas para que a vida tome seu curso. Olhando para o armário, vejo um conjunto de lembranças em peças que comprei para quando eu fosse e outras que comprei quando eu era. E, nessa análise, a gente se dá conta de que nem fomos e nem somos mais. Passou...

Guarda-roupas deveria se chamar guarda-passado. Vemo-nos em pé de guerra ao olharmos fixamente para roupas que já não nos servem: mando cerzir, transformo em blusa, vendo no brechó, dou para a empregada ou faço pano de chão? Decisão que pode variar a depender da época hormonal em que estivermos. Mexendo nas araras, você se depara com aquela blusa amarela de cetim com mil rendas e babados, presente de um ex do qual você se arrepende imensamente. Essa é fácil: LIXO! Bye, bye, palhaço e roupa de palhaço.

E esse jeans que há anos não serve? Sempre deixamos uma calça que vai caber em nós um dia, quando emagrecermos. E ela fica lá por décadas, ocupando espaço e nos decepcionando porque não conseguimos mais ser o que éramos. Bye, bye, ácaros e padrão de beleza!

Aí você se vê diante de um vestido de grife: custou os olhos da cara e talvez algumas pregas (da cara, também). Não mais lhe serve, pois foi comprado no auge do sucesso de sua dieta. Quantas vezes tentamos nos mascarar de algo que não reflete o que somos? Bye, bye,vestidinho grifado e pueril necessidade de autoafirmação.

No emaranhado de diversos cabides coloridos comprados em promoção, aparece um tal vestido vermelho, doendo na vista, cheio de penduricalhos, que deve ter sido moda no tempo de Luís XIV e não faz mais o menor sentido na sua vida. Mas você vestiu essa fardinha de Pombagira naquele casamento em que precisava se fazer notar LIXO! “Bye, bye tristeza, não precisa voltar”.

Na montanha de roupas para consertar, vemos o quanto procrastinamos a solução de problemas. Pense bem: Apenas um botão, um zíper ou uma pequenina costura poderia resolver tudo. E você adiou a solução. Assim também acontece conosco: às vezes, a vida precisa tão somente de um reparo simples e rápido. Mas a gente adia, adia, adia...Conserte o que tiver para consertar, mas não exagere. Tenha cuidado com remendos malfeitos, pois se a costura não for boa, terminamos piorando a situação. Das roupas e da nossa vida.

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