5 de nov. de 2013

A barata diz que tem



Quem por aí conhece alguém que anda de carrão e pena para pagar as prestações devidas? Isso quando consegue... Você também deve ter uma amiga bem vestida, alinhada, dona de infinitas coleções de moda, mas cujo cheque especial vem sangrando e ainda tem o nome estacionado há anos nos SPC´s da vida. Essas pessoas precisam mostrar aos seus pares aquilo que não têm para que os outros identifiquem nelas aquilo que elas não são. E nesse tempo de consumismo louco, você é o que sua aparência mostra e não os valores que possui. Que leseira, né? 

Viver de aparência é algo extremamente difícil. Por mais que a barata tente e creia que está convencendo, na verdade ela está tentando enganar a si própria, escondendo-se de sua baixa autoestima e necessidade de aceitação. Ela não tem anel de formatura, nem sapato de veludo e nem sete saias de filó. É tudo mentira, é tudo ilusão, tudo fácil de ser desmascarado. Muitas vezes, um falso retrato de si mesmo, como quem vive duas vidas e não se consegue ficar em nenhuma delas.

O lado imaginário também ocorre no Facebook, onde mostramos que estamos sempre sorrindo nas melhores fotos, fazemos check-ins em lugares badalados, mostramos os bonitos pratos que pedimos e todas as viagens que fizemos. Mas a rede social virtual não mostra tudo o que somos, não mostra claramente os valores que temos, nossas crenças, os motivos que realmente nos deixam felizes e se estamos, de fato, felizes.

O desejo por ter o que não ainda podemos talvez indique apenas uma mera e saudável ambição; no entanto, fazer sacrifício para a obtenção de itens que demonstram ascensão social e pertencimento a um grupo muito nos diz sobre a recusa do que somos. E o que somos? Não sei ao certo. Mas sei que sou o que sou misturado com o que quero ser, porém não sou aquilo que acham que sou ou aquilo que às vezes finjo que sou. Ou talvez sejamos tudo isso.

Não precisamos mostrar nossas fraquezas ao vento, contudo não merecemos viver uma vida que não se encaixa em nossas possibilidades, na nossa inteligência, na nossa carteira, na nossa capacidade física e intelectual. Querer ser o cavalo do cão inexoravelmente lhe trará frustração. Queira não. Os amigos terminam descobrindo que é tudo mentira da barata, rá-rá-rá e ró-ró-ró.

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