22 de nov. de 2013

As dores da separação

Poucas coisas são tão estressantes na vida como o fim de um casamento ou mesmo de um relacionamento sério. É o maior propulsor de visitas aos consultórios de psicólogos e psiquiatras, mexe com a autoestima, com a rotina, com o corpo, com a alma, mexe com uma vida inteira que foi sonhada e construída. Quem já sofreu uma perda dessas sabe que a dor é tão grande que pode nos fazer gritar e calar ao mesmo tempo. Saem tantos pedacinhos de tanta gente que, mesmo no final, quando conseguimos remendar tudo, nem sei mais se encaixamos as peças da mesma forma como eram antes, nem sei se somos as mesmas pessoas. É por isso que todo rompimento afetivo também nos rompe cruelmente por dentro.

E não nos disseram que seria para sempre? Por que criamos essa expectativa de que seria para a vida toda, até que a morte nos separasse? Pois é... Ninguém avisou, mas a gente termina aprendendo que não é a morte do corpo que nos separa do outro, é a morte da alma, do afeto, da admiração, do desejo, da tolerância. São várias mortes juntas. São mortes lentas e doloridas. Muitas vezes tornamos a situação ainda pior quando não aceitamos que não queremos mais ou então que não nos querem mais. Uns pensam que fracassaram, outros se sentem responsáveis pela futura dor do outro. E vão matando suas vidas lentamente. Qual a hora certa de acabar? Será que não estamos sendo intolerantes? E se perdermos a vida inteira na estabilidade, na harmonia desencantada?

Intrometendo-me nos assuntos psicológicos, dos quais sou apenas uma leitora atenta, acho que buscamos a estabilidade e não queremos nos submeter ao estresse de ficar à procura do que nem sempre sabemos o que é. E se não der certo? E se ele me trair? E se ele for ciumento? E se for um psicopata? E se eu trocar seis por meia dúzia? Mas, se a vida é uma eterna busca, e agora? Vai ficar aí parado, tal qual Carolina, que viu o tempo passar da janela? Uns se aventuram enquanto outros se acomodam. Estes últimos viverão no medo para sempre. É pior, pode acreditar no que digo.

O desenlace é ruim por inteiro, mas há alguns momentos que mais parecem um estouro de lâminas a nos ferir de dentro para fora, como se tudo em nós já estivesse ruído e precisasse ser expulso da mais castigante maneira possível. Olhar para o guarda-roupas, por exemplo, e enxergar nessa simbologia a ausência do outro é um dos momentos mais torturantes, bem como o vazio de um lugar à mesa, na vaga na garagem, a televisão, objetos que foram esquecidos na partida, as fotos. Ai, as fotos... O melhor a fazer é juntar tudo e deixar sob a guarda de um amigo.Falar nisso, os amigos, de que lado estarão? Salvo exceções, a maioria permanece do lado do homem, tenha ele ficado ou partido. A mulher normalmente sofre mais. Pode olhar e ver ao seu redor, não sei se é machismo, mas, na maioria dos casos, a mulher fica com a família e o homem com o ciclo de amizades. E, note, há amizades que também se rompem com a separação, pois só faziam sentido quando o grupo estava todo junto.

Após uma dura jornada que pode incluir litígio, acusações, chantagens e briga por dinheiro, entre outras coisas ruins que fariam você franzir o corpo inteiro só de lembrar, o mar vai se acalmando. E, então, todos estaremos prontos para a próxima. NÃO, NÃO E NÃO! Que o destino nos livre de passar por isso outra vez. E que a gente nunca deixe de acreditar que vai ser pra sempre. Pra sempre até que os dois queiram, até que se respeitem, que um não machuque o outro ou, caso machuquem, que se possa curar. Pra sempre até não doer muito.


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