28 de out. de 2013

A SÍNDROME DA MÃE PERFEITA – PARTE 1

Tenho uma suspeita emocional de que unido a cada cromossomo X existe um tanto considerável de culpa. Se são dois cromossomos X, a culpa, então, é dobrada. Só pode. O que justificaria esta extrema ansiedade materna em fazer com que o filho se sinta amado, que seja inteligente e responsável, que se alimente e viva o mundo de forma saudável, que interaja com os amigos e, claro, que seja feliz, entre outros requisitos a serem preenchidos?  É muita exigência para ele e, olha, é muita exigência para nós. Quem aguenta? Há muitas mães (eu, entre elas) que precisam ser MENOS. Menos cobradoras de si, inclusive.

Penso haver sido criado um padrão de comportamento das mães de hoje que se opõe à vida que elas viveram. Querem o natural: dar aos filhos o que nunca tiveram. Mas será que não estamos exagerando? Talvez doar-se demais não eduque, sufoque!  Vejo fatos interessantes nas duas escolas em que ando: mães que vão deixar os seus filhos e na escola mesmo ficam, esperando o final da aula, as que falam com os professores diariamente, as que não sabem quem são os professores, as que vão requerer à diretoria a mudança da nota do filho (por achá-la injusta), as que não sabem a série da criança. Presencio ainda algumas disparidades, discriminações veladas e escancaradas mantidas pelas próprias mães. A que trabalha julga que a dona de casa ou a dondoca tem insuficiência de cognição, enquanto que as donas de casa dizem que os filhos das trabalhadoras são criados soltos demais. Mas será que não estamos prendendo demais essas crianças?

Ontem mesmo, durante as provas Enem, o que tinha de pai e mãe esperando no portão ansioso pelo filho... Talvez eu esteja errada em esconder o meu estresse só para mim, mas não quero que a minha expectativa seja a expectativa de meus filhos. Será que o excesso de atenção não nos prejudica e também a eles? Tudo em excesso é demasia, até mesmo o amor e o zelo.

Entre tantas dúvidas que rondam minha mente culpada, uma coisa é certa: não há fórmula para educar. Nem mesmo seguir a regra do amor é garantia de sucesso na educação dos pequenos. Todos conhecemos seres humanos execráveis que são filhos de uma estrutura tida como perfeita: casal formado por papai e mamãe, casa na praia, cachorro, viagens e toda atenção do mundo. Todos também conhecemos filhos de famílias desestruturadas que são excelentes pessoas, tanto profissionalmente quanto emocionalmente.


Ontem, o pai de um funcionário meu veio falar comigo para comunicar que o filho está pedindo demissão, pois ele quer algo melhor para ele. O funcionário tem 28 anos. Pronto, depois dessa linha, nem quero escrever mais nada. Cansei... 

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